Na Leitura Científica ONCOSINAI os médicos especialistas do Centro analisam e explicam sobre os mais recentes e avançados estudos na área de oncologia.
Dois estudos recentes discutiram a quimioterapia neoadjuvante (quando é administrado antes do tratamento definitivo, em geral cirúrgico ou, mais raramente, radioterápico) ou primária no câncer de ovário.
Dr. Malamed e colaboradores avaliaram pacientes com câncer de ovário epitelial avançado (estádios IIIC e IV) em dois períodos 2004-2009 (pré-adoção de neoadjuvância) e 2010-2015 (pós-adoção de neoadjuvância) e atendidos em duas categorias de hospitais: os que eram restritos quanto ao uso de quimioterapia neoadjuvante (<29%) e os liberais (≥29%). O uso da neoadjuvância aumentou drasticamente nos hospitais com uso mais liberal e houve um declínio importante na mortalidade pós-operatória (até 90 dias) no segundo período, nesses hospitais. A melhora da sobrevida de longo prazo foi igual nos dois tipos de hospital.
Dra. Knisely e colaboradores avaliaram retrospectivamente 72.171 mulheres com câncer epitelial de ovário nos estádios IIIC e IV tratadas de 2004 a 2016. O uso de quimioterapia primária aumentou de 17,6% em 2004 para 45,1% em 2016. No período de estudo a sobrevida mediana aumentou 2,1% ao ano, mas apesar de terem ocorrido simultaneamente esse não foi um estudo para provar causalidade.
Importante dos dois estudos seria de que não parece haver desvantagem no uso de quimioterapia primária, entretanto outros resultados ainda estão em andamento sobre o tema, principalmente TRUST trial com resultados previstos para 2024.